quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PENSAMENTO, LINGUAGEM E INTELIGÊNCIA













Para Piaget, a linguagem não é a fonte de pensamento lógico; ao contrário, o seu desenvolvimento resulta e depende do desenvolvimento cognitivo. Esta posição baseia-se em duas considerações:


1º) A inteligência aparece já no período sensório-motor, antes da própria linguagem, manifestando-se em ações motoras e não em termos verbais.


2º) A linguagem constitui uma das formas de representação, um tipo especialmente importante, mas um caso limitado no conjunto dos mecanismos de representação. A compreensão da linguagem surge antes do que a própria fala. Esta inicia-se, em geral, dentro do segundo ano de vida. No dizer piagetiano, a produção da fala se dá ao lado de outras funções simbólicas na imitação.


Piaget destaca que, ao se comparar a criança antes e depois da aquisição da linguagem, tende-se a concluir ser ela a fonte do pensamento, pois graças à linguagem a criança torna-se capaz de:


a) evocar situações passadas ou antecipar outras futuras, libertando-se dos limites do ‘aqui-agora’ e do perceptível;


b) relacionar objetos, acontecimentos e novas experiências inserindo-os num quadro conceitual, relacionando-os aos conhecimentos que já tem. Estas transformações, porém, não resultam apenas da linguagem, mas também das outras formas de representação que emergem de modo independente da linguagem.


Para Piaget, a origem do pensamento deve ser buscada nas várias formas de representação. Tanto na linguagem, que é interindividual por valer-se de signos coletivos, como nas outras formas que se expressam por um simbolismo individual, mais simples e que até emergem ates da própria linguagem.


Todas as formas são meios de ‘pensar sobre algo’. Assim, Piaget conclui que o pensamento precede a linguagem, enquanto esta se limita a transformá-lo na direção de uma abstração mais móvel.


A linguagem é vista como necessária, mas não suficiente para explicar o pensamento, a construção das operações lógicas. Sem ela, sem um sistema conceitual, seria impossível interligar as diferentes experiências e formar um corpo organizado de conhecimentos. O pensamento verbal, por sua abstração e mobilidade permite este relacionamento, permite a consideração simultânea de várias situações. Sem este recurso, cada experiência seria apenas mais uma; teríamos uma sucessão delas, mas cada uma ‘desligada’ da outra, tal como um conjunto de ‘flashs’ descontínuos.


Por outro lado, sem a linguagem, a comunicação, o intercâmbio entre pessoas não teria como se processar; não teríamos como acumular e transmitir conhecimentos; a “memória da humanidade” inexistiria.


A despeito destes importantes papéis da linguagem, ela não constitui a fonte do pensamento e raciocínio lógico.


Linguagem e pensamento se apóiam mutuamente, em ação recíproca. Mas todos dois dependem, no final das contas, da inteligência, que é anterior à linguagem e independente. Diferentes estudos dão suporte à concepção piagetiana sobre a relação pensamento-linguagem:


- A aquisição das operações lógicas mostra-se mais tardia entre crianças surdas e entre cegas, em comparação a crianças normais; porém o retardo é menor entre as primeiras (desprovidas de linguagem) do que entre as segundas (providas de linguagem, mas limitadas em suas experiências sensório-motoras).


- A linguagem que a criança usa acompanha seu nível de desenvolvimento. Assim, o emprego de termos comparativos (ex.: mais curto, mais comprido...) só ocorre de modo adequado quando a criança atinge o nível das operações concretas. Antes, no nível pré-operacional, os termos se expressam de forma mais absoluta (grande, pequeno), mostrando a dificuldade da criança coordenar relações.


- Pequena eficácia de treinamentos para aquisição de noções de conservação, através do ensino de termos coordenados. Por ex.: a salsicha é mais comprida mas também é mais fina; este copo é largo, mas também mais baixo.


- A compreensão da voz passiva ocorre relativamente tarde, o que é visto como associado à dificuldade da criança pequena fazer operações inversas. Inhelder acentua não ser casual que estas e outras dificuldades com a linguagem venham a ser superadas só no início do estágio das operações concretas.




Um comentário:

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